A poupança é um dos investimentos mais tradicionais no Brasil. Ela surgiu ainda na época do Império, criada em 1861 por Dom Pedro II, por meio do Decreto que instituiu a Caixa Econômica Federal. Apesar dos mais de cem anos de história, a poupança é tida como um péssimo investimento, com baixíssimo rendimento e onde você não deve deixar o seu dinheiro.
Será que isso tudo é verdade?
Rendimento
O rendimento da poupança realmente é baixo. Desde 4 de maio de 2012, ela possui uma regra que depende da taxa Selic. Funciona assim:
- Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento mensal é de 0,5% + taxa referencial
- Se a Selic for de 8,5% ao ano ou menos, o rendimento mensal é de 70% da Selic + taxa referencial
Sugestão de leitura: O que é Taxa Selic?
Na data em que escrevo, a Selic está em 2,75% ao ano (pode ser bem diferente na data em que você estiver lendo este artigo), encaixando o rendimento da poupança na segunda regra: 70% de 2,75% ao ano = 1,925% ao ano. A taxa referencial hoje é 0, ou seja, nada acrescenta ao nosso rendimento.
Se pensarmos em rendimento mensal, o 1,925 % ao ano fica por volta de 0,15% ao mês, quase 0,16%. Isso significa que, se você puser 100 reais na poupança, ela renderá 15 centavos no mês; 1.000 reais renderão R$ 1,59; e uma quantia de 10 mil reais, por sua vez, renderá 15,90 reais na poupança. Para fechar: 100 mil reais renderão 159 reais em um mês.
Os depósitos em poupança efetuados antes de 4 de maio de 2012 possuem uma regra diferente: rendimento de 0,5% mensal + taxa referencial, um panorama bem mais interessante do que o que temos atualmente. Mas tal regra já não vale para novos depósitos, então não focaremos nela.
Risco
Mesmo que ela já tenha sido confiscada nos anos 90, tal fato ainda não tira a poupança do grupo de investimentos com baixo risco. Ela tem garantia do Fundo Garantidor de Crédito de até 250 mil reais, por CPF, por banco. Isso significa que, em caso de quebra do banco, o correntista pode recuperar seus depósitos, limitados ao valor acima.
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Imposto de Renda
A poupança é um dos poucos investimentos que não tem incidência de imposto de renda. Isso significa que você não pagará imposto sobre os valores depositados em poupança nem sobre os rendimentos destes valores.
Liquidez
A poupança tem uma mecânica bem parecida com a conta corrente. Ela possui liquidez, ou seja, você pode sacar o dinheiro a qualquer momento, inclusive em caixas eletrônicos. Muitos outros investimentos ficam “presos”, não podendo ser sacados de imediato. Entretanto, sacar antes da data de aniversário pode fazer com que você perca os rendimentos do mês ou parte deles.
Poupança, um péssimo investimento. Sim ou não?
A poupança sem dúvidas não é o melhor lugar para deixar todo o dinheiro dos seus investimentos. Embora não tenhamos incidência de imposto de renda, os rendimentos são bem baixos quando comparado a outras alternativas mais interessantes.
Mesmo assim, a poupança tem o seu lugar.
Ela pode servir muito bem para a reserva de emergência, aquela reserva para imprevistos financeiros. A reserva de emergência precisa de liquidez (possibilidade de saque a qualquer hora) e baixo risco, sendo o rendimento um fator de menor importância.
Muitos podem argumentar no sentido de que o Tesouro Selic rende mais, é seguro (baixo risco) e, portanto, melhor alternativa para a reserva de emergência. Entretanto, a liquidez do tesouro não é imediata: ao pedir o resgate em um dia, você terá o dinheiro disponível somente no dia seguinte. Além disso, em dias de volatilidade, o Tesouro Direto pode suspender as negociações, impossibilitando o resgate. Em 2020 isso aconteceu mais de uma vez.
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Assim, a poupança serve melhor ao propósito de reserva de emergência do que o Tesouro Selic, mesmo que possua rendimento inferior. Uma boa opção é combinar a sua reserva de emergência em diferentes lugares: uma parte em poupança, outra em Tesouro Selic. O importante é que parte do dinheiro tenha liquidez imediata, uma função que a poupança cumpre bem.
Assim, cogite a poupança para sua reserva de emergência, ou ao menos parte dela. Evite, entretanto, deixar todas as suas economias na poupança, pois ela não serve para muito mais do que uma reserva para imprevistos, pelo seu baixo rendimento.
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