Ligamos a ação a algo positivo, quase sempre, mesmo embora muitas vezes o melhor seja não fazer nada. Afinal, a ação se liga à ideia de movimento e o movimento sempre traz uma ideia de fluxo, de algo positivo, de busca rumo a determinado objetivo.
A ideia
A ideia geral é de que, quando estamos agindo, estamos buscando um resultado. Se não conseguirmos, pelo menos tentamos. E a tentativa é extremamente bem vista, pois envolve esforço. Nem ao menos tentar, por outro lado, é vergonhoso.
Por isso a ação é valorizada e, em boa parte dos casos, de forma justificada. Temos que agir em várias situações da vida para atingir nossos objetivos. A ação promove resultados em diversas esferas do nosso dia a dia, enquanto a inércia, como o próprio nome nos faz supor, não nos tira do lugar e não nos leva a patamares melhores. Entretanto, nos investimentos, nem sempre a ação é a melhor opção.
Às vezes é mais interessante não fazer nada.
O que fazer diante da crise?
Pense em uma crise. Queda generalizada na bolsa de valores, seu capital diminuindo, as suas empresas com a cotação desabando. O que fazer? Vender para estancar os prejuízos? Delimitar um percentual máximo de perdas? Aumentar as posições?
Antes de decidir o que fazer, cogite não fazer nada.
Não tomar uma ação dá um sentimento de inércia, um sentimento ruim, um sentimento de estar sendo golpeado e não reagir. Entretanto, não fazer nada exige frieza, bom senso e muita disciplina.
Sim, disciplina.
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Quando vemos a bolsa cair com velocidade, normalmente acontece o que convencionou-se chamar de efeito manada. Todos vendem seus ativos em pânico, o que alimenta a queda, a qual aumenta cada vez mais. Vendo a queda acelerada, outros investidores seguem o embalo e assim as cotações desabam. Este processo se retroalimenta de forma que a queda ocorre de forma exagerada, ditada antes pelo pânico generalizado do que por uma perda de fundamentos dos ativos.
Perceba a palavra que eu usei: pânico. Concordamos que uma pessoa em pânico normalmente não está 100% no comando da razão, certo? Pois bem, ao sucumbir ao efeito manada, você sucumbe ao pânico, exatamente como todos os demais investidores estão fazendo naquele determinado momento. Tenha em mente que o mercado é feito de pessoas e ativos e pessoas pautam suas decisões por razão e emoção. Sendo que, muitas vezes, a emoção é o fator preponderante de decisão.
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As situações de pânico estão permeadas de emoção e de irracionalidade. Muitas vezes você vende com prejuízo, amarga perdas e vê, poucos dias ou poucos meses depois, as ações valerem o mesmo ou até mais do que valiam antes da queda.
E se você não tivesse feito nada?
Considere não fazer nada
Nós temos essa necessidade de agir, mas investir para longo prazo é como ver a grama crescer, dizem muitos por aí. Você não precisa acompanhar todo dia, leva tempo e é tedioso. É muito mais emocionante fazer várias operações, acertar os fundos e topos e lucrar no curto prazo. Day trade então, nossa! Adrenalina pura! Só o curto prazo é um jogo muito mais difícil e com alto custo emocional e de saúde. Aliás, o curto prazo é um bom modo de perder dinheiro, na maioria das vezes.
Não fazer nada é tão tedioso quanto investir para longo prazo, mas às vezes é a melhor opção.
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Sempre que se ver frente a uma crise, a uma queda ou simplesmente diante de uma notícia que parece que vai mudar os rumos do mercado para um abismo sem fim, pare, pense e cogite não fazer nada.
Posso usar um exemplo bem recente: a pandemia de coronavírus. No início de 2020, as bolsas mergulharam rumo a um abismo diante da ameaça da COVID. Muitas pessoas venderam suas ações em pânico para verem elas se recuperarem e alcançarem novas máximas poucos meses depois. Neste caso, o investidor poderia simplesmente continuar investindo normalmente, diante de preços ainda mais baixos para as ações.
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Entretanto, para aquelas ações que o investidor possuía, a melhor opção foi justamente não fazer nada com elas. Acompanhar a venda generalizada, em pânico, levou a perdas. Quem segurou suas ações viu a maioria delas não só se recuperar, mas alcançar patamares superiores.
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Em momentos como este é difícil não fazer nada. Entretanto, sempre considere não fazer nada como uma opção válida e tão boa quanto, senão melhor do que qualquer outra.
Para o investidor de longo prazo, muitas vezes será a melhor opção.